A computação em nuvem (cloud computing, em inglês) é um termo que já se popularizou até mesmo entre o público menos inteirado acerca da TI (Tecnologia da Informação). Hoje, ninguém fica surpreso ao ver que os avós estão “subindo pra nuvem” as centenas de fotos tiradas de uma viagem.
Passando do universo usual para o corporativo, há muito tempo as empresas deixaram de investir pesado em recursos de hardware, os quais formavam um imenso centro de armazenamento de dados. Cada vez mais, elas migram do físico para a nuvem a fim de economizar dinheiro e gerar eficiência.
Mas o que é, de fato, essa tecnologia que tanto facilita a vida de pessoas (físicas e jurídicas) e contribui para o desenvolvimento acelerado das coisas? No presente conteúdo, proponho-me a explicar didaticamente como ocorre o funcionamento da computação em nuvem e as vantagens que ela representa. Boa leitura!
Como funciona a computação em nuvem?
Você sabia que a maneira como a computação em nuvem funciona, em si, deu origem ao nome da tecnologia? Explicando, tudo começa pelo conceito, o qual consiste na “abstração geográfica” dos elementos computacionais, ou seja, fazer da infraestrutura de TI e os serviços a ela ligados algo intangível (digital).
Logo, se todos os recursos ficam pairando na web, significa que eles são distribuídos via internet. Mas qual é a fonte para captação desses recursos? Na verdade, estou falando de múltiplas fontes, pois a infraestrutura física que gera a computação em nuvem vem de vários data centers espalhados pelo mundo.
Isso significa que cada provedor de cloud computing é proprietário e responsável pela entrega e manutenção do serviço? Exatamente! Uma empresa como a AWS (Amazon Web Services), maior fornecedora de nuvem do mercado, devemos ter em mente um gigantesco complexo tecnológico que sustenta o serviço.
No próprio site da AWS existe um mapa com todas as localizações de data center que ela utiliza para distribuir recursos em escala global. Note que há uma só instalação na América Latina, localizada em São Paulo. A proximidade do servidor influencia na velocidade do fornecimento; quanto mais perto, mais veloz.
Quando e como surgiu a tecnologia de Computação em nuvem?
O conceito que sustenta a computação em nuvem surgiu na década de 1960. Na época, cientistas como John McCarthy, criador do termo “inteligência artificial”, e Joseph Carl Robnett Licklider, pioneiro no desenvolvimento da Internet, já projetavam em seus estudos vários aspectos que hoje fazem parte da tecnologia.
Com o passar do tempo, os avanços tecnológicos já permitiam que a ideia de cloud computing fosse colocada em prática, até que, em 1997, Ramnath Chellappa, professor de Sistemas de Informação, baseando-se no conceito (como expliquei no tópico anterior), cunhou o termo utilizado atualmente.
Posteriormente, as empresas começaram a usufruir das vantagens em substituir o hardware pela nuvem e, desde então, a adoção de serviços do tipo vem numa constante. A tendência é que 100% das cargas de trabalho sejam executadas a partir de serviços de cloud.
Modelos de arquitetura de computação em nuvem
Um dos passos iniciais para quem estuda a computação em nuvem é compreender os modelos de arquitetura. Tais modelos são representados por diferentes mecanismos de entrega de recursos, como IaaS (Infrastructure as a Service), que fornece infraestrutura de TI virtualizada, e SaaS (Software as a Service), dedicado à entrega de aplicações na nuvem.
A evolução pela qual passou a computação em nuvem nos últimos anos levou à criação de novos modelos de serviço e arquiteturas. Nesse espaço de tempo desde o surgimento da nuvem, os principais institutos e organizações da área, como a Salesforce e a Cloud Security Alliance, atribuíram rótulos a cada estágio da tecnologia.
As primeiras implementações de cloud, por exemplo, são frequentemente mencionadas como Cloud Computing 1.0. Naquele período, embora o propósito da nuvem fosse claro e bem difundido, a sua utilização era limitada a conceitos básicos de virtualização, mais voltados à infraestrutura como serviço.
Quer saber o que veio depois disso? Confira, abaixo, uma breve linha do tempo que nos leva ao presente estágio da computação em nuvem.
Cloud Computing 2.0
A computação em nuvem 2.0 representa o estágio de desenvolvimento das aplicações baseadas em cloud. Foi a partir dele que dois modelos bastante influentes chegaram ao mercado: Platform as a Service (PaaS) e Software as a Service (SaaS). Ambos são os serviços de computação em nuvem mais utilizados até hoje.
O primeiro deles, o PaaS, é um modelo que incrementou o IaaS ao oferecer mais do que infraestrutura virtualizada. As empresas — sobretudo equipes de desenvolvimento de software — começaram a usufruir de hardware e sistemas hospedados na nuvem, ou seja, um ambiente completo para implementar projetos e aplicações.
Por sua vez, o SaaS é uma inovação que permitiu aos consumidores o uso de software por meio da nuvem, o que, sem dúvidas, trouxe uma vantagem imensurável em termos de custos e praticidade. Por meio desse modelo, quem se responsabiliza pelas licenças e infraestrutura é o provedor de nuvem, não a equipe interna da empresa.
Cloud Computing 3.0
Após o enorme impacto da nuvem 2.0, a terceira onda consistiu em expandir as possibilidades trazidas pelos modelos IaaS, PaaS e SaaS. O principal reflexo disso foi o surgimento de aplicações e ferramentas que auxiliam no gerenciamento de ambientes em nuvem.
Não foi por acaso que a popularidade da computação em nuvem cresceu nos últimos anos. A exploração dos serviços resultou, entre outras coisas, a expansão da nuvem para pequenas e médias empresas, as quais passaram a ter oportunidade de gerenciar o ambiente com mais autonomia.
Com isso, a computação em nuvem deixou de ser um bicho de sete cabeças e, em muitos casos, um desafio. Inclusive, o receio por parte dos gestores em relação à segurança foi amenizado a ponto de a nuvem ser encarada como uma excelente solução para proteger os dados, fazer backups etc.
Cloud Computing 4.0
Atualmente, o desenvolvimento da computação em nuvem se encontra no quarto estágio, aliado às demandas da Indústria 4.0. Mas o que é isso? Resumindo, a primeira Revolução Industrial usou água e vapor para mecanizar a produção, enquanto a Segunda inseriu a produção em massa por meio da energia elétrica. Já a Indústria 3.0 utilizou recursos digitais e recursos de TI para automatizar processos.
A Indústria 4.0 tem o objetivo de integrar as entidades físicas (empresas, corporações, órgãos governamentais etc.) a elementos de TI avançados, tais como Internet das Coisas, Analytics, Inteligência Artificial, entre outras tecnologias que vêm ganhando espaço no mundo dos negócios.
A tendência é que a Cloud 4.0 seja adotada por todas as empresas que transitam para o novo mundo. Simplesmente, não há como manter a competitividade na medida em que a concorrência migra para serviços e ferramentas sofisticadas distribuídas pelos provedores de nuvem.
Por que as empresas estão investindo em soluções de cloud computing?
O mundo corporativo está, de fato, nas nuvens? Por meio de levantamentos feitos em estudos na área, podemos encontrar várias evidências de que a implementação da tecnologia é encarada como um ciclo natural e irremediável dos processos de trabalho. Abaixo, uma pequena amostra disso:
- data centers na nuvem processarão 94% das cargas de trabalho em 2021 (Cisco);
- o mercado global de cloud computing atingirá 623,3 bilhões de dólares até 2023 (Markets and Markets), mais de 351 bilhões em relação a 2018;
- mais de 80 bilhões de dólares foram destinados a investimentos em infraestrutura de nuvem (Canalys); e
- nove a cada 10 empresas no mundo estão na nuvem (451 Research).
Tamanho sucesso da computação em nuvem é justificado por seus benefícios e vantagens estratégicas. Neste tópico, apresento alguns desses fatores positivos de forma breve e didática.
Custos
Uma das concepções de John McCarthy tinha como princípio o uso compartilhado de um computador entre duas pessoas. A ideia é plenamente aceitável, visto que a capacidade de um computador, na época, era muito mais do que suficiente para desempenhar os processos existentes até então.
O mesmo se aplica hoje em dia com o cloud computing. Toda a capacidade de um data center pode ser compartilhada entre uma vasta quantidade de usuários. Sem dúvidas, o maior benefício disso está na redução de custos, pois os recursos são aproveitados de acordo com o consumo real.
Por exemplo, se durante o mês a empresa utilizou 837,81 GB de armazenamento para guardar os dados, ela pagará exatamente por isso. No método tradicional, a empresa adquire um plano com “X GB” de armazenamento que não pode ser excedido. Ou seja, se ela necessita de 20 GB a mais, migra-se para um plano mais caro e com recursos desnecessários.
Disponibilidade da Computação em nuvem
A alta disponibilidade geralmente não é um quesito em que os centros de processamento de deixam a desejar. Pelo contrário, a complexidade da infraestrutura encontrada nos ambientes de data center, bem como a qualidade dos especialistas que cuidam do gerenciamento, garantem que a entrega do serviço não fique comprometida.
Porém a computação em nuvem agrega ainda mais segurança nesse sentido. Isso porque a sua arquitetura, reiterando, é composta de múltiplos data centers que se comunicam de modo a compartilhar recursos e replicar dados entre os servidores — estes, por sua vez, fornecem o serviço por meio da Internet.
Logo, ainda que uma das instalações fique fora do ar, é certo que tanto as informações quanto os serviços permanecerão íntegras e disponíveis para uso. Ao considerarmos a quantidade de prédios espalhados pelo mundo, as chances de um serviço robusto ficar indisponível são remotas.
Flexibilidade
A elasticidade da computação em nuvem é uma característica que contribui diretamente para a redução de custos. Isso porque a empresa não precisa mais provisionar infraestrutura com base no pico, isto é, pensando na capacidade necessária quando as operações começarem a funcionar a todo vapor.
Simplesmente, ela não deve se preocupar em adquirir recursos que serão requisitados de forma esporádica. Com a nuvem, o provisionamento é feito com base nas reais necessidades sem preocupação alguma, afinal os recursos solicitados podem ser aumentados ou diminuídos instantaneamente, o que propriamente otimiza o investimento.
Mobilidade
Com bilhões de smartphones e aparelhos móveis sendo utilizados simultaneamente em escala global, a mobilidade é uma realidade que não pode ser ignorada no meio corporativo. Nesse sentido, a computação em nuvem permite que dados e serviços sejam acessados de qualquer dispositivo conectado à internet.
Vamos a uma situação que retrata muito bem essa questão: o vice-presidente de uma grande empresa que se encontra viajando para reunir-se com outros líderes e parceiros de negócio. A qualquer momento do dia, ele pode estar dentro de um avião, no trânsito, em reunião, entre outras atividades comuns de um VP.
Evidentemente, não se trata de um colaborador que passa a maior parte do tempo na sede da empresa, e sim de um tomador de decisão que não dispõe de tempo para ficar em frente ao computador ou dentro do escritório. Ao mesmo tempo, é alguém que necessita de informações durante o seu expediente.
Portanto a disponibilidade de informações e de todas as ferramentas das quais ele precisa, independentemente de onde ele estiver, é fundamental para que se mantenha a par do que acontece na empresa, inclusive de fatos que influenciam diretamente suas decisões.
Segurança
Manter os dados em um servidor remoto costuma causar receio por parte das empresas. Ao optar pela nuvem, ela torna o provedor responsável pela segurança do armazenamento contra quaisquer ameaças cibernéticas. Contudo, um fornecedor como AWS e Microsoft Azure, convenhamos, tem a infraestrutura blindada o suficiente para evitar esse tipo de ocorrência.
O conjunto de tecnologias de monitoramento e controle, as políticas de segurança e a expertise da equipe de profissionais, composta pelos maiores especialistas do mercado, já garante que as chances de alguma invasão acontecer são muito mais remotas do que em um servidor interno.
Por outro lado, se o desejo da organização é manter os dados sob seus próprios cuidados, ela tem a opção de implementar uma nuvem privada (ou híbrida) para gerenciar a segurança dos dados cruciais sem intermédio de terceiros. Ou seja, não importa o modelo de serviço: as informações sempre ficarão bem protegidas.
Como acabamos de ver, há uma série de fatores relevantes ao sucesso da computação em nuvem entre as empresas. Até pelas tendências que as estatísticas nos revelaram, construir a sua carreira especializando-se nessa área é um excelente caminho para você se tornar um profissional de TI bem valorizado e requisitado.
Quer saber mais a respeito das vantagens em trabalhar com essa tecnologia? Então confira este artigo no qual abordo o assunto mais profundamente. Boa leitura!