Você ainda não sabe ao certo o que é Linux? Então chegou o momento de solucionar essa dúvida que assola grande parte dos usuários de computadores no mundo todo, a qual acredita que o Windows e o Mac OS (às vezes) são os únicos sistemas operacionais disponíveis no mercado.
Hum, então o Linux é um sistema operacional? Não exatamente. Lembra-se deste artigo em que expliquei o que é um kernel? Pois então, o Linux em si é o kernel que permite o desenvolvimento de sistemas operacionais de código aberto baseados em Unix — mais adiante eu entro em detalhes a respeito.
Sendo assim, quando falamos em sistema Linux, adotamos um termo genérico para nos referirmos à vasta gama de sistemas operacionais que funcionam a partir do kernel. Opa! Estou mandando uma enxurrada de informações novas e aparentemente complexas? Fique tranquilo, pois este conteúdo tem a didática como objetivo.
Ao continuar a leitura, você terá acesso a um breve resumo do surgimento do Linux, aprenderá o que significa o código aberto e o conceito de software livre, e conhecerá um pouco sobre o que chamamos “distribuições do Linux”. Vamos começar?
O que é Linux e como ele surgiu?
Vou começar o texto retomando alguns fatos ocorridos ainda na década de 1960. Naquela época, a computação ainda era estritamente voltada ao uso corporativo e militar (ela foi um importante instrumento dos americanos durante a Guerra Fria, inclusive).
Os sistemas operativos daqueles tempos eram desenvolvidos pelos talentosos cientistas da computação, mas dentro dos laboratórios de empresas como IBM e AT&T. Foi nesta última que os notáveis Dennis Ritchie e Ken Thompson, junto de outros especialistas, trabalharam num projeto chamado Multics.
Mesmo após investimentos pesados da companhia, o desenvolvimento do Multics foi descontinuado. A persistência de Dennis, Ken e cia, que ignoraram as ordens para interromper as pesquisas, foi a chave para o surgimento do sistema operacional mais influente da história: o Unix.
Do lançamento do Unix (1971) até o início dos anos 90, ele foi o principal sistema operacional do mercado e rodava na maioria dos microcomputadores. Contudo, o sistema não era livre, nem gratuito, e havia um americano disposto a reverter o cenário com a criação de um semelhante ao Unix, mas completamente acessível a todos os usuários.
Projeto GNU
A pessoa a que me refiro se chama Richard Stallman, idealizador e fundador do projeto GNU (GNU Is Not Unix, ou GNU Não É UNIX, do português). Utilizando-se da licença pública geral (general public license – GPL), Stallman dedicou esforços na criação de um sistema operacional livre e gratuito baseado em Unix.
Criar um sistema como o Unix era um fator importante, pois o público já estava adaptado ao sistema, porém o entrave para a sua conclusão era o kernel. Ou seja, era necessário um núcleo que se comunicasse com os componentes físicos dos computadores. Eis que surgiu a solução.
O finlandês Linus Torvalds, então estudante de Ciências da Computação na University of Helsinki, conseguiu desenvolver um núcleo Linux, o qual se comunica diretamente com o hardware, o que ia de encontro aos objetivos de Richard Stallman, que o incorporou ao projeto GNU sob licença GPL.
Desenrolando a história, o projeto Linux, lançado em 1991, foi um dos maiores marcos da computação, pois desenvolvedores do mundo todo passaram a ter acesso a um kernel completamente livre e, a partir de seu código fonte, criar sistemas operacionais fundamentais para a evolução da tecnologia.
O que é código aberto?
Aproveitando o gancho do código fonte, a relevância do Linux só é compreendida quando compreende-se, entre outras coisas, o fator código aberto (open source). Um programa open source, seja ele um sistema operacional, seja um aplicativo, pode ter a sua estrutura interna acessada e modificada pelo programador.
Quando o código do sistema operacional é fechado, o único meio de se criar algo a partir de sua estrutura é fazendo a engenharia reversa — no momento, não se preocupe em entender o que é isso. Porém fazê-lo denota, muitas vezes, violação dos direitos de propriedade intelectual da empresa desenvolvedora.
Por outro lado, o código aberto é distribuído pelo desenvolvedor, que o deixa à disposição dos usuários que desejam criar uma ferramenta derivada, otimizar um programa, integrar o software a outro projeto ou, até mesmo, construir um sistema operacional. Tudo isso sem violar absolutamente nenhum direito.
Como o Linux é um kernel de código aberto e livre para ser explorado por qualquer pessoa, há uma diversidade de sistemas operacionais baseados nele — o que popularmente chamamos “distribuições”.
O que são distribuições do Linux?
Como eu disse acima, as distribuições são sistemas operacionais criados a partir de um kernel. Quando me refiro a distribuições (ou distros) do Linux, significa que determinado sistema funciona a partir desse kernel. Por isso a quantidade de distros do Linux é imensa, diferentemente do Windows ou Mac OS.
Por que isso é tão benéfico? Simples: independentemente do seu perfil (doméstico, profissional, hacker ético etc.), você sempre encontrará a distro ideal. Para saber um pouco mais sobre algumas delas, pesquise sobre Ubuntu, Debian, CentOS, Mint, Slackware, Kali, entre outras.
Aliás, esse é um dos diferenciais do Linux em relação aos concorrentes: ele coloca em prática a filosofia de software livre, ou seja, o direito que todos temos de usufruir da tecnologia. Por isso não comercialização de distribuições Linux. O que se vende, às vezes, é um suporte técnico dedicado — algo voltado a empresas.
Todos esses aspectos envolvidos no Linux trouxe uma evolução tremenda para a Tecnologia da Informação. Isso porque ele contribui para:
a geração de novos talentos em diversos campos da TI;
o surgimento de sistemas operacionais distintos e adequados a diferentes pretensões de uso;
a distribuição de sistemas gratuitos instaláveis em qualquer computador; e
o desenvolvimento de soluções avançadas e sofisticadas para atender diversas finalidades.
Além disso, o fato de os projetos baseados em Linux serem compostos global e voluntariamente por especialistas de todos os níveis, as distribuições são estáveis, seguras e sempre dispõem de uma comunidade para solucionar problemas ou esclarecer dúvidas dos usuários.
Agora que você já tem melhor noção sobre o que é Linux, que tal descobrir o que a utilização de sistemas baseados nesse poderoso kernel pode agregar para uma possível carreira em TI? Dê uma olhada nos artigos que escrevi acerca de serviços, programação e administração de sistemas.
Caso já tenha se convencido de que mergulhar nos estudos sobre Linux é o melhor caminho para atingir os seus objetivos, recomendo que visite a página Profissionais Linux e veja as dicas valiosas que o aguardam.